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quinta-feira, 3 de março de 2011

A "dona doutora"





Ano de 1932. Mulheres de todo o Brasil saíam às ruas para exigir direito ao voto. Cartazes nas mãos e entoando palavras de ordem, pediam igualdade de direitos. Entre elas estava Wladislawa Wolowska, então com 22 anos, estudante de Medicina.

Descendente de poloneses que se fixaram em Curitiba (PR), Wladislawa formou-se no ano seguinte, casou-se com um colega de faculdade - Antônio Dib Mussi - teve três filhos e exerceu a profissão até a aposentadoria, aos 70 anos. Nessa idade, já viúva, saiu para conhecer o mundo, desejo antigo. Visitou a Rússia, a Polônia (pátria de seu pai e avós), e admirou as maravilhas do Egito, sonho que cultivava desde menina.

Hoje, perto de completar 98 anos, ocupa seus dias com o que mais gosta: leitura e boa música, em companhia dos familiares - tem três filhos, oito netos e três bisnetos - e dos muitos amigos que fez durante a vida.

Filha de um fabricante de móveis na capital paranaense, Wladislawa teve uma infância feliz.

- Meus pais, que só tinham curso primário, mesmo com escassez de recursos, fizeram questão de dar aos filhos uma formação universitária. Incutiram o gosto pela leitura, estudo e aprendizado de línguas estrangeiras - comenta.

Wladislawa passou no vestibular para a Faculdade de Medicina do Paraná, e foi uma das duas únicas mulheres a freqüentar o curso.

Durante a vida acadêmica, participou ativamente da luta pelo voto feminino, finalmente conquistado em 1932 e incorporado à Constituição de 1934. E integrou, como voluntária, o corpo técnico do Hospital Militar na Revolução de 30.

Após o casamento, o casal mudou-se para Santa Catarina.

Wladislawa e Antônio Mussi trabalharam em hospitais de Laguna, Orleans e, finalmente, Florianópolis, quando ele foi eleito deputado constituinte, em 1946. Ela conta:

- Era um belo domingo de junho de 1935 quando eu cheguei a Florianópolis e desci do navio do Loyd, no Miramar. A cidade estava enfeitada para a Procissão de Corpus Christi. As casas, ao redor da Praça XV, tinham as janelas cobertas com toalhas bordadas e muitas flores. Eu havia casado há dois dias, e considerei aquela recepção como prenúncio da felicidade que me estava reservada, e que realmente tive no transcurso de minha vida.

Na Capital, Wladislawa trabalhou no Departamento de Saúde Pública e depois em institutos de previdência social, sempre em ginecologia e obstetrícia. Perdeu as contas de quantas crianças ajudou a trazer ao mundo.

Durante muitos anos, Wladislawa foi a única mulher médica trabalhando em toda Santa Catarina.

Talvez por isso fosse comum ouvir as pessoas a chamarem de "dona doutora Wladislawa". Sinal de carinho e respeito, que cultiva até hoje.

Em outubro de 1985, Wladislawa Wolowska Mussi recebeu o título de Cidadã Honorária de Florianópolis, na Câmara de Vereadores.

MAIS UMA MULHER MARAVILHOSA POR TUDO QUE FEZ NA VIDA, MAIS UMA HOMENAGEM AO DIA NTERNACIONAL DA MULHER...

CRÉDITO DO TEXTO - DIÁRIO CATARINENSE.
TEXTO RETIRADO DO DIÁRIO CATARINENSE - REPORTAGEM EXEMPLOS DE VIDA.

TÚLIO BEIRINHA...

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